Foto: Janio Seeger (Diário)
Thor é um cão possessivo e, frequentemente, avança contra estranhos. Especialistas indicam atividade física e treinamento especializado para amenizar as reações
É comum que o seu cão rosne para as visitas? Ou, às vezes, ele rosna para você mesmo? O pet pode apresentar esse comportamento por vários motivos: "ciúme" do dono, territorialismo ou instinto de proteção. Há também quem associe a agressividade do animal com a raça. O adestrador Roque Colognese, 48 anos, não concorda. Segundo ele, os instintos de um pinscher, por exemplo, são os mesmos instintos de um pitbull. Mas como evitar ou amenizar este comportamento?
O fato é que a atitude de rosnar nada mais é que a preparação para a mordida. E morder é a maneira que o cão tem de afugentar o que lhe ameaça. Colognese afirma que um dos principais fatores que tornam o animal agressivo é a "humanização". Para ele, que tem cerca de 30 anos de experiência na profissão, o pet deve aprender a seguir as ordens do ser humano, e não o contrário:
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- Uma coisa bem típica: o cão está roendo um osso ou uma carne, e você chega perto dele. Ele vai rosnar. Isso é o instinto de sobrevivência. Muitas pessoas não dão bola. O certo seria que o dono tirasse o osso ou a carne do cachorro, de maneira que ele entenda que o alimento, primeiro, pertence ao dono. Essa atitude coloca o ser humano como líder de matilha.
A funcionária pública Mari Moraes é tutora de Thor, uma mistura de poodle com yorkshire. O pet fica facilmente irritado diante de estranhos e, por vezes, até tenta mordê-los.
Para Mari, Thor é possessivo. Ela acredita que o comportamento vem do instinto de proteção que ele tem em relação a ela e sua mãe. Durante à noite, o animal fica mais agitado.
- Desde filhote, ele tem o temperamento forte. Durante a noite, ele sobe na minha cama ou na cama da minha mãe, deita sobre os nossos pés e fica irritado quando nos mexemos. Certa vez, ele até mordeu minha mãe. Agora eu já sei lidar. Faço um carinho, e insisto que Thor vá para a caminha dele - conta Mari.
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INSTINTO DE PROTEÇÃO
A tutora relata que já tentou bater em Thor para tentar acalmá-lo. No entanto, ela percebeu que essa atitude o deixou mais irritado.
A funcionária pública era reticente em concordar que ele precisava de treinamento especializado. Agora, ela já considera a possibilidade. Colognese confirma que agredir o cão o deixará mais violento.
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- Quanto mais você bater no cachorro, mais ele vai desenvolver o instinto de proteção, que o torna agressivo. Há varias maneiras de controlar o animal. Onde os cachorros se mordem quando atacam um ou outro? No pescoço e na cabeça. Temos que aprender a agir nos mesmos lugares, mas com a intensidade certa. Quando você conduz um cão bravo com uma guia, está mordendo ele mecanicamente no pescoço. Pode dar um puxão, segurar e largar. Ele sentirá que você é o líder da matilha - explica o adestrador.
Colaborou Rafael Favero
Foto: Renan Mattos (Diário)
Colognese afirma que, diante de um animal agressivo, o dono deve se comportar como um "líder de matilha"
SEM ESTRESSE NEM MORDIDAS
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- Associar a chegada dos convidados com coisas positivas, como petiscos e muitos elogios. Ou seja, sabendo que uma visita vai chegar, já deixe separado o snack que o seu peludo mais gosta e ofereça a ele uns segundos antes de a campainha tocar z Se o seu cão já chegou a realmente atacar, não caia no erro de isolá-lo quando alguém chegar. Afinal, esse tipo de atitude só servirá para reforçar, na cabeça do pet, que visitas não são bacanas. O ideal é prendê-lo em uma guia no mesmo ambiente, considerando uma distância segura para todos. Oriente o convidado a ignorar os rosnados. E quando o cachorro parar, recompense-o. Vale também pedir para a visita jogar os petiscos de longe, mas apenas se os rosnados tiverem cessado
- Outro ponto importante é que não se deve incentivar esse tipo de comportamento. Ainda que o pet seja pequeno, como os cães das raças yorkshire e maltês, e os seus "ataques" não machuquem, é importante que eles saibam que rosnar não é permitido. Ou seja, não ria, não dê carinho ou pegue no colo nesta hora. Diga "não" firmemente e depois o ignore
- É recomendado ainda que o peludo tenha atividade física regular e seja treinado para obedecer a alguns limites, como o comando "fica" e "deixa"
- Além disso, alguns brinquedos ajudam a deixar o ambiente do animal mais rico e o estimulam a pensar, deixando-o mais calmo e equilibrado. Um exemplo são os comedouros-brinquedo, que soltam petiscos aos poucos
Com informações Folhapress